O Papa advertiu seus alunos: Não deixem que a tecnologia os controle.

O Papa advertiu seus alunos: Não deixem que a tecnologia os controle O Papa advertiu seus alunos: Não deixem que a tecnologia os controle

Dando continuidade à série de eventos da semana do Jubileu do Mundo da Educação, o Papa Leão XIV se reuniu com estudantes na Sala Paulo VI na quinta-feira. Ele começou seu discurso expressando sua alegria e expectativa por este evento, pois lhe lembrou o tempo em que lecionava matemática para jovens estudantes.

O Papa recordou primeiro o exemplo do estudante italiano recentemente canonizado, Pier Giorgio Frassati, e dois dos seus lemas: “Viver sem fé... não é viver, mas simplesmente sobreviver” e “Rumo às alturas”. O Papa Leão acrescentou então o seu próprio encorajamento aos jovens estudantes: “Tenham a coragem de viver a vida em plenitude”.

Ele enfatizou que eles não deveriam se contentar com modismos, aparências ou prazeres passageiros. Em vez disso, o Santo Padre os desafiou a “anseiar por algo maior”. Esse é o desejo dos jovens que esperam e planejam uma sociedade melhor. Portanto, ele os exortou a se esforçarem “para as alturas” como um farol de esperança.

“Seria maravilhoso se um dia a sua geração fosse lembrada como a ‘geração plus’, lembrada pelo impulso extra que trouxe à Igreja e ao mundo”, disse o Papa Leão. (@Vatican Media) “Seria maravilhoso se um dia a sua geração fosse lembrada como a ‘geração plus’, lembrada pelo impulso extra que trouxe à Igreja e ao mundo”, disse o Papa Leão. (@Vatican Media)

“Seria maravilhoso se um dia a sua geração fosse lembrada como a ‘geração plus’, lembrada pelo impulso extra que trouxe à Igreja e ao mundo”, disse o Papa Leão. Mas ele também alertou para que esse desejo não ficasse apenas no plano dos sonhos. O Papa explicou que a resposta para alcançar isso está na educação, “uma das ferramentas mais belas e poderosas para mudar o mundo”.

Uma nova era da educação

O Santo Padre lembrou como seu predecessor, o Papa Francisco, iniciouo projeto Pacto Global pela Educaçãoem 2020, dedicado a envolver as gerações mais jovens na fraternidade global. Ele lembrou aos estudantes presentes que eles não são simplesmente destinatários da educação, “mas seus protagonistas”.

Por essa razão, o Papa os exortou a se unirem para “uma nova era da educação”, na qual todos se tornem testemunhas da verdade e da paz. Mas eles não devem fazer isso sozinhos. Ele os encorajou a incluir seus amigos na busca pela verdade e na construção da paz.

Para ajudar os estudantes nessa tarefa, o Papa Leão referiu-se a uma reflexão de São John Henry Newman, que certa vez disse que “o conhecimento cresce quando é compartilhado e que é através da conversa entre mentes que a chama da verdade é acesa”.

Como as estrelas, explicou o Santo Padre, a verdadeira paz se realiza quando muitas pessoas se unem e criam um projeto. Trabalhando juntos, continuou ele, “podemos formar constelações educacionais que guiam o caminho a seguir”.

Olhe para as estrelas

Refletindo sobre as estrelas, o Papa explicou como, ao longo da história, as pessoas as utilizaram como guias — desde os marinheiros aos polinésios, dos agricultores dos Andes aos Reis Magos na história da Natividade.

Assim como nossos ancestrais, ele destacou, nós também temos estrelas para nos guiar: nossos pais, professores, padres e amigos. Eles nos ajudam a manter o rumo diante dos desafios da vida. Por sua vez, todos nós também somos chamados a ser “testemunhas brilhantes” para aqueles que nos rodeiam. Sozinhos, somos estrelas individuais, mas juntos formamos uma constelação.

A educação é um caminho que une as pessoas. Ela nos incentiva a olhar para o céu, para cima e para mais alto. A educação é uma ferramenta que nos ajuda a olhar além e ver o que de outra forma não veríamos.

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Então, em vez de olhar para nossos telefones, o Santo Padre desafiou os alunos a “olharem para o céu, para as alturas”.

Fomos feitos para muito mais

Voltando aoPacto Global pela Educação, o Papa Leão recordou como os próprios jovens propuseram o primeiro dos novos desafios deste projeto: “Ajudem-nos na nossa educação da vida interior”. Ele partilhou que ter um vasto conhecimento não é suficiente se não soubermos quem somos ou qual é o sentido da vida.

“Sem silêncio, sem escuta, sem oração, até mesmo a luz das estrelas se apaga”, explicou. Alguns podem ter experimentado sentimentos de vazio ou inquietação de várias formas, incluindo violência, bullying, opressão. Mas por trás disso, destacou o Papa, está “um vazio criado por uma sociedade que esqueceu como formar a dimensão espiritual da pessoa humana, concentrando-se apenas nos aspectos técnicos, sociais ou morais da vida”.

A autobiografia de Santo Agostinho,As Confissões, pode nos ajudar a ver como nos educar para a vida interior. Devemos ouvir nossa inquietação e evitar fugir dela ou preencher o vazio com coisas passageiras. O Papa Leão enfatizou que não devemos nos contentar, porque fomos feitos para muito mais.

Educação no mundo digital

O segundo dos novos desafios educacionais é um compromisso diário em que esses jovens estudantes são, na verdade, os professores: a educação digital. Aqui, o Papa pediu cautela. Vivemos em um mundo digital, mas não devemos deixar que a tecnologia escreva nossa história nem nos use.

O Papa também reservou um tempo antes de entrar na Sala Paulo VI para cumprimentar as pessoas reunidas do lado de fora (@Vatican Media) O Papa também reservou um tempo antes de entrar na Sala Paulo VI para cumprimentar as pessoas reunidas do lado de fora (@Vatican Media)

Passando para outro desafio do mundo moderno, o Papa Leão abordou a inteligência artificial, enfatizando que, embora seja “inteligente”, ainda devemos usá-la para agir humanamente. Devemos “aprender a humanizar o digital, construindo-o como um espaço de fraternidade e criatividade – não um caso em que você se tranca, não um vício ou uma fuga”. Aqui, ele se referiu à vida de São Carlo Acutis como um exemplo de santidade na era da tecnologia.

Paz e educação

O terceiro desafio do projeto do Papa Francisco é a educação para a paz – o desafio “no centro donovo Pacto Global pela Educação”. Temos o poder de mudar o futuro que está ameaçado pela guerra, pelo ódio e pela divisão. A resposta? “Uma educação para a paz que seja desarmada e desarmadora”.

Mas é mais do que apenas silenciar as armas, explicou o Papa. “Devemos desarmar os corações, renunciando a toda violência e vulgaridade”. Uma educação desarmada e desarmadora ajuda a criar igualdade e crescimento para todos, ao mesmo tempo em que reconhece a dignidade de todos e evita a divisão entre as pessoas.

O Papa Leão convidou todos os presentes a se tornarem, em primeiro lugar, pacificadores em suas vidas cotidianas. Ele os exortou a não procurarem estrelas cadentes. Em vez disso, “olhem ainda mais alto, para Jesus Cristo, ‘o sol da justiça’, que sempre os guiará pelos caminhos da vida”.